Tornar
o Currículo escolar “mais atraente”. Esse é o argumento que a
Secretaria de Educação do Estado de São Paulo tem ao seu favor, ao
levar a cabo a reformulação da grade do ensino básico, do 1º ao
5º ano.
Nos
três primeiros anos, as disciplinas de Ciências, História e
Geografia serão completamente retiradas da grade; nos demais anos,
drasticamente reduzidas. Ainda segundo a Secretaria da Educação,
supervisores e dirigentes teriam iniciado esse processo de
reformulação. É irônico, reformulação desse tipo ser estimulada
por trabalhadores da área da educação, pois demonstra claramente
as opções dos envolvidos, principalmente no que diz respeito ao
papel que eles desejam que a educação pública exerça: Uma
educação escolar alienante e tecnicista.
Eles parecem não estar a par da crítica já antiga à segmentação das disciplinas, que faz com que em sala de aula os conhecimentos pareçam dissociados um do outro e distantes da nossa compreensão, por não parecerem relacionados com a realidade;
Eles parecem não estar a par da crítica já antiga à segmentação das disciplinas, que faz com que em sala de aula os conhecimentos pareçam dissociados um do outro e distantes da nossa compreensão, por não parecerem relacionados com a realidade;
Paulo
Freire, teórico da educação cuja obra é reconhecida no mundo
inteiro, defendia que a aprendizagem não consiste na transferência
de conhecimento, mas na construção do mesmo pelos próprios
educandos, por sua curiosidade epistemológica, que deve ser
estimulada pelo educador; e que o aprendizado não é fruto apenas
desse currículo formal que hierarquiza os conhecimentos, mas que na
verdade acontece em todos os ambientes, em todas as relações. Como
estimular a curiosidade dos educandos para que eles sejam os sujeitos
de sua aprendizagem, com essa grade engessada e que contraria
qualquer concepção coerente de educação?
Essa
reformulação hierarquiza os conhecimentos, colocando português e
matemática quase que como os únicos importantes para os educandos
do ensino fundamental; apresenta uma visão simplista sobre o
problema do ensino, como se apenas aumentar a carga horária desta ou
daquela disciplina fosse suficiente; faz com que a escola cada vez
mais apenas “treine” os educandos para fins determinados (mercado
de trabalho) em prejuízo de uma educação para a formação
integral do sujeito, de uma educação que entenda que os
conhecimentos são inter-relacionados, indivisíveis.
Quanto
ao argumento da Secretaria de Educação sobre a finalidade da
reformulação, resta imaginar que educando ficaria mais interessado
por uma grade de carga horária menos variada e mais extensa.
Educação para os
envolvidos nesse processo de reformulação, parece ser aquela
demonstrada no clássico clipe de Another brick in the Wall, do Pink
Floyd, em que os alunos estão sendo levados por uma esteira
industrial, de máscaras, sem história, sem vontades, sem emoções,
sem expressão, revelando a educação escolar e a formação dos
sujeitos como um processo de linha de produção. Pessoas sendo
formadas como produtos, importando apenas as saídas, nesse nosso
caso os índices, as notas.
A educação escolar,
reconhecidamente fracassada, agora na rede pública de São Paulo
embarca nesse movimento que vai piorar seus já desproporcionais
aspectos negativos. É necessário cobrar dos responsáveis um
posicionamento sincero: quais serão os interesses desse governo para
a educação formal pública? Melhores resultados do Saresp,
desconsiderando a aprendizagem de fato?
Cabe a nós a decisão:
Vamos permitir a deterioração cada vez maior da educação escolar
pública em nome de números e índices, ou vamos lutar pela melhoria
de fato, pela reflexão, pelo pensamento crítico e pelo aprendizado?
Informações de: http://revistaforum.com.br/
Grupo do facebook de pessoas contra a reformulação: http://www.facebook.com/
Petição contra a reformulação http://www.peticaopublica.com/